Na reunião do GeoHab2014 realizada em Lorne, Austrália, no periodo 5-9 de maio de 2014, foi aprovada a realização do GeoHab2015 em Salvador, Bahia (4-8 de maio de 2015). Esta foi um iniciativa do GT2.1 – Geodiversidade e Biodiversidade dos Substratos Plataformais, do inctAmbTropic. A ida dos coordenadores do GT2.1 à Lorne recebeu apoio do CNPq , através do edital de promoção de eventos mundiais.
Reunião do GeoHab2014 em Lorne, Austrália
GeoHab (Marine Geological and Biological Habitat Mapping) é uma associação internacional de pesquisadores que estudam as características biofísicas de habitats e ecossistemas bentônicos, como substitutos (proxies) das comunidades biológicas e da biodiversidade. Os principais objetivos destes cientistas são:
1. dar suporte ao planejamento espacial do ambiente marinho, uso sustentado dos oceanos e tomada de decisão,
2. apoiar o desenho de Áreas Marinhas Protegidas (MPAs)
3. conduzir programas de pesquisa direcionados à geração de conhecimento sobre os habitats bentônicos e a geologia do fundo marinho, e
4. conduzir avaliações de recursos vivos e não-vivos do fundo marinho para fins econômicos e de gestão, incluindo o desenho de reservas de pesca.
Vista dos 12 Apóstolos, no Parque Nacional Port Campbell, próximo a Lorne, e objeto da excursão de campo do GeoHab2014
Membros do GT2.1 que participaram do Geohab2014. A ida dos coordenadores do GT2.1 foi patrocinada pelo CNPq através do edital de apoio à realização de eventos mundiais. Da direita para esquerda: Alex Bastos, Helenice Vital, Tereza Araújo e José M Landim Dominguez. A profa. Tereza Araújo participou do evento com recursos próprios.
As reuniões anteriores do GeoHab ocorreram nas localidades listadas abaixo. O GeoHab2015 será o primeiro a ser realizado no Atlântico Sul.
2001 St. John’s
2002 Moss Landing
2003 Hobart
2004 Galway
2005 Sidney
2006 Edinburgh
2007 Nouméa
2008 Sitka
2009 Trondheim
2010 Wellington
2011 Helsinki
2012 Orcas Island
2013 Rome
2014 Lorne
O GT2.1 espera com esta iniciativa popularizar o uso das modernas ferramentas de mapeamento do fundo marinho, junto à comunidade brasileira.
Prof. Moacyr Araújo, coordenador do GT3.2 nas instalações da NKE Eletronics – França
O inctAmbTropic recebeu na semana passada os 03 sensores CARIOCA, encomendados junto à NKE Eletronics – França. O sensor CARbon Interface OCean Atmosphere (CARIOCA) pode ser montado em uma bóia fixa ou de deriva. A aquisição foi iniciativa do GT3.2 – Ciclos Biogeoquímicos, Fluxo de CO2 e Acidificação do Oceano Atlântico Tropical do inctAmbTropic.
Sensor CARIOCA
Os sensores/bóias adquiridos serão fundeados nas proximidades do Atol das Rocas e dos arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. Além da determinação da pressão parcial do CO2 (pCO2) dissolvido na água do mar, as bóias que serão fundeadas pelo inctAmbTropic registram ainda a temperatura, salinidade, e concentração de oxigênio dissolvido. Os valores de pCO2 na água do mar são determinados por colorimetria, utilizando um espectrofotômetro com uma precisão de mais ou menos 3 µatm. Este conjunto de dados permite quantificar as trocas de CO2 entre o oceano e a atmosfera. Os sensores possuem uma autonomia de um ano, com medições a cada hora. Os dados são armazenados e enviados através do sistema GTS-ARGOS, que também mantem o controle de seu posicionamento. No Atlântico Sul existem em funcionamento contínuo apenas dois sensores CARIOCA, instalados em bóias ATLAS do Projeto PIRATA.
Locais onde serão instalados os sensores CARIOCA: Atol das Rocas, Fernando de Noronha e Arquipélago São Pedro/São Paulo
Atualizado: 27 de ago. de 2020
O GT2.3 Genômica, Proteômica e Biodiversidade do inctAmbTropic, coordenado pelos professores Rodrigo Torres e Mônica Adams comunica a apresentação de mais duas monografias, uma de mestrado e outra de trabalho final de conclusão de curso:
Danielle Gama Maia (2014). Variação genética e a conservação do guaiamum (Cardisoma guanhumi, Decapoda: Gecarcinidae) em estuários do litoral de Pernambuco. Dissertação de Mestrado. Orientador: Rodrigo A. Torres; Co-orientador: Mônica L. Adam.
Resumo:
A sobrepesca do guaiamum (Cardisoma guanhumi) e a perda de habitat contribuem para a redução da população da espécie, devido à maior susceptibilidade à deriva e ao gargalo genético, resultando em perda de potencial evolutivo frente às imposições seletivas do ambiente. Objetivou-se investigar a variação genética e a conectividade de C. guanhumi ao longo do litoral de Pernambuco a partir de 154 exemplares amostrados em cinco estuários com diferentes níveis de conservação. Nove primers ISSRs foram utilizados para acessar a constituição genética da espécie. A diversidade genética observada em C. guanhumi foi alta, contudo, parece haver uma tendência à perda da diversidade genética em áreas estuarinas com elevado grau de antropização. A hipótese de panmixia foi rejeitada em favor de uma distribuição heterogênea dos genótipos de C. guanhumi ao longo da região estudada (FST=0,19), evidenciando uma estruturação genética em fina escala geográfica, compatível com cenários de isolamento por distância. Análises de agrupamento e loci candidatos a estarem sob seleção positiva apontam que as populações de C. guanhumi do litoral Norte e Sul de Pernambuco comportam-se como Unidades Evolutivamente disjuntas e devem ser manejadas independentemente. Os resultados obtidos sugerem que a espécie pode estar em risco adaptativo e necessita de um plano de recuperação, uma vez que, a sua pesca é totalmente dependente dos estoques naturais, que se exauridos, implicarão em graves impactos ecológicos e socioculturais.
Flavia Santos Andrade (2014). Análise da conectividade genética da tainha branca (Mugil curema Valenciennes, 1836) no Nordeste oriental do Brasil. Trabalho de conclusão de curso. Orientador: Rodrigo A. Torres
RESUMO:
Mugil curema é uma espécie amplamente distribuída ao longo do Oceano Atlântico com ocorrência nos ambientes tropicais e subtropicais. Esta espécie é considerada um importante recurso pesqueiro no nordeste oriental do Brasil e tem sido alvo da pesca extrativista. Entretanto, informações sobre conectividade e estruturação de populações de tainha são ausentes o que dificulta o manejar as atividades pesqueiras de forma sustentável. Essa informação é crucial para manejar as atividades pesqueiras focando em uma exploração sustentável. Foram amostrados 150 exemplares de M. curema de 5 sítios geográficos diferentes no nordeste oriental do Brasil, com o intuito de investigar as relações genéticas entre as áreas estuarinas acessadas. Sequencias parciais do gene citocromo b foram obtidas e analisadas por métodos de filogenia molecular e genética de populações. No geral, os resultados indicam que a tainha branca apresenta baixa variação genética, já que entre 150 exemplares foram observadas 37 variações para Citocromo b. Tal evidência sugere que cerca de um a cada quatro exemplares é diferente (25% de variação). Porém, Mugil curema é claramente dividida em duas populações bem suportadas que vivem em simpatria. M. curema tipo 1, o qual é intimamente relacionado com M. hospes, e M. curema tipo 2, o qual não foi encontrada na localidade de Tamandaré, PE. As análises de diversidade indicam o tipo 1 com baixa variação genética (~ 16% de variação). Já os dados para o tipo 2 sugerem uma variação genética moderada (~ 50%). Os dados demográficos sugerem regimes populacionais díspares: tipo 1 gargalo genético e tipo 2 expansão recente. O conjunto dos resultados sugere manejo pesqueiro diferenciado para ambas as populações já que se tratam de unidades evolutivas descontínuas com histórias demográficas particulares.