O GT1.1. Respostas da Linha de Costa do inctAmbTropic – coordenado pelos profs Eduardo Siegle e Tereza Araújo, comunica a defesa da dissertação de mestrado “Vulnerabilidade costeira em praias do norte do Espírito Santo e sul da Bahia” pela acadêmica Juliana dos Santos Ribeiro no Programa de Pós-Graduação em Oceanografia do IOUSP. A defesa da dissertação foi realizada no dia 28 de março de 2014 e a comissão julgadora foi composta pelos profs. Eduardo Siegle (orientador); Jarbas Bonetti (UFSC) e Moysés Tessler (IOUSP). O trabalho foi desenvolvido no contexto do inctAmbTropic e teve também o apoio da Conservation International (CI) através do projeto “Climate change vulnerability assessment of the Discovery coast and Abrolhos shelf, Brazil”.
Resumo: A erosão costeira é um processo de grande poder destrutivo e que afeta pelo menos 70% da zona costeira no mundo. Entender as causas e os processos que levam à erosão, bem como as regiões mais ou menos sensíveis a ela, é essencial para o correto manejo costeiro. O presente trabalho visa identificar as áreas vulneráveis à erosão, através da aplicação de um Índice de Vulnerabilidade Costeira, em praias do norte do Espírito Santo (Pontal do Ipiranga, Conceição da Barra) e sul da Bahia (Mucuri, Nova Viçosa, Caravelas, Prado, Cumuruxatiba, Corumbau, Arraial d’Ajuda, Porto Seguro). O cálculo do índice se deu pela análise de treze indicadores ambientais: número de frentes frias, regime de tempestade, força de ondas, ângulo de incidência das ondas, estimativa de deriva potencial, morfologia da praia, exposição às ondas, presença de rios e/ou desembocaduras, elevação do terreno, vegetação, taxa de ocupação, obras de engenharia costeira e evidências de erosão. Os resultados mostraram que os indicadores “morfologia da praia” e “exposição às ondas” parecem ser os principais contribuintes para a erosão costeira nos municípios em que foram observados grandes prejuízos na infraestrutura urbana e perigo iminente à população local. Já nos demais municípios que também apresentaram focos de erosão, a combinação entre os indicadores “estimativa de deriva potencial” e “regimes de tempestade” parece ser a principal influência ao processo erosivo. Com exceção de Pontal do Ipiranga (que obteve um resultado de baixa vulnerabilidade), todas as praias apresentaram um IVC correspondente à vulnerabilidade moderada à erosão. O estudo se mostra eficiente para a determinação do nível de vulnerabilidade relativo entre as praias estudadas.
Atualizado: 27 de ago. de 2020
O GT2.3 Genômica, Proteômica e Biodiversidade do inctAmbTropic, coordenado pelos professores Rodrigo Torres e Mônica Adams comunica a apresentação de mais duas monografias, uma de mestrado e outra de trabalho final de conclusão de curso:
Danielle Gama Maia (2014). Variação genética e a conservação do guaiamum (Cardisoma guanhumi, Decapoda: Gecarcinidae) em estuários do litoral de Pernambuco. Dissertação de Mestrado. Orientador: Rodrigo A. Torres; Co-orientador: Mônica L. Adam.
Resumo:
A sobrepesca do guaiamum (Cardisoma guanhumi) e a perda de habitat contribuem para a redução da população da espécie, devido à maior susceptibilidade à deriva e ao gargalo genético, resultando em perda de potencial evolutivo frente às imposições seletivas do ambiente. Objetivou-se investigar a variação genética e a conectividade de C. guanhumi ao longo do litoral de Pernambuco a partir de 154 exemplares amostrados em cinco estuários com diferentes níveis de conservação. Nove primers ISSRs foram utilizados para acessar a constituição genética da espécie. A diversidade genética observada em C. guanhumi foi alta, contudo, parece haver uma tendência à perda da diversidade genética em áreas estuarinas com elevado grau de antropização. A hipótese de panmixia foi rejeitada em favor de uma distribuição heterogênea dos genótipos de C. guanhumi ao longo da região estudada (FST=0,19), evidenciando uma estruturação genética em fina escala geográfica, compatível com cenários de isolamento por distância. Análises de agrupamento e loci candidatos a estarem sob seleção positiva apontam que as populações de C. guanhumi do litoral Norte e Sul de Pernambuco comportam-se como Unidades Evolutivamente disjuntas e devem ser manejadas independentemente. Os resultados obtidos sugerem que a espécie pode estar em risco adaptativo e necessita de um plano de recuperação, uma vez que, a sua pesca é totalmente dependente dos estoques naturais, que se exauridos, implicarão em graves impactos ecológicos e socioculturais.
Flavia Santos Andrade (2014). Análise da conectividade genética da tainha branca (Mugil curema Valenciennes, 1836) no Nordeste oriental do Brasil. Trabalho de conclusão de curso. Orientador: Rodrigo A. Torres
RESUMO:
Mugil curema é uma espécie amplamente distribuída ao longo do Oceano Atlântico com ocorrência nos ambientes tropicais e subtropicais. Esta espécie é considerada um importante recurso pesqueiro no nordeste oriental do Brasil e tem sido alvo da pesca extrativista. Entretanto, informações sobre conectividade e estruturação de populações de tainha são ausentes o que dificulta o manejar as atividades pesqueiras de forma sustentável. Essa informação é crucial para manejar as atividades pesqueiras focando em uma exploração sustentável. Foram amostrados 150 exemplares de M. curema de 5 sítios geográficos diferentes no nordeste oriental do Brasil, com o intuito de investigar as relações genéticas entre as áreas estuarinas acessadas. Sequencias parciais do gene citocromo b foram obtidas e analisadas por métodos de filogenia molecular e genética de populações. No geral, os resultados indicam que a tainha branca apresenta baixa variação genética, já que entre 150 exemplares foram observadas 37 variações para Citocromo b. Tal evidência sugere que cerca de um a cada quatro exemplares é diferente (25% de variação). Porém, Mugil curema é claramente dividida em duas populações bem suportadas que vivem em simpatria. M. curema tipo 1, o qual é intimamente relacionado com M. hospes, e M. curema tipo 2, o qual não foi encontrada na localidade de Tamandaré, PE. As análises de diversidade indicam o tipo 1 com baixa variação genética (~ 16% de variação). Já os dados para o tipo 2 sugerem uma variação genética moderada (~ 50%). Os dados demográficos sugerem regimes populacionais díspares: tipo 1 gargalo genético e tipo 2 expansão recente. O conjunto dos resultados sugere manejo pesqueiro diferenciado para ambas as populações já que se tratam de unidades evolutivas descontínuas com histórias demográficas particulares.
Atualizado: 27 de ago. de 2020
Entre os dias 27/06/2013 e 27/07/2013 foi realizada a segunda expedição para a Reserva Biológica do Atol das Rocas, como parte das atividades do GT1.1 Respostas da Linha de Costa do inctAmbTropic. A expedição teve por objetivo obter um conjunto de dados in situ sobre os processos hidrodinâmicos que controlam a geomorfologia das ilhas no interior do atol. Foram obtidos dados de onda, correntes e marés, através do fundeio de 3 ADCP`s no interior do atol e 1 ADCP na porção externa. Além disso, dados da morfologia tridimensal das ilhas recifais e “run up” foram obtidos ao longo do período de estadia no Atol. O trabalho faz parte do doutorado de Mirella Costa que está sendo desenvolvido no IO/USP (http://ldc.io.usp.br), sob a orientação do Prof. Eduardo Siegle.
Esta segunda expedição contou com o apoio do Analista Ambiental, Eduardo Macedo, do ICMBio PARNAMAR Fernando de Noronha e do Prof. Carlos A.F. Schettini (UFPE). Também contribuiram para o sucesso da campanha o Prof. Natan Pereira (UNEB), o doutorando Miguel Loiola (UFBA) e mestrando Tiago Albuquerque (UFBA).
Trabalho de Campo no Atol das Rocas
A primeira expedição havia ocorrido no segundo semestre de 2012 (out-nov), onde foi medido o mesmo conjunto de dados, contudo durante um período de alta energia, caracterizado pela entrada de ondulações de direção norte. Os resultados da primeira campanha serão apresentados pela doutoranda Mirella na sessão oral “Reef Forms” do 8th IAG International Conference on Geomorphology, a ser realizado em Paris (França) (http://www.geomorphology-iag-paris2013.com).
ABSTRACT
Morphological response of reef island on rocas atoll (South Atlantic Ocean) to Seasonal energetic wave conditions. Costa M., Macedo, E., Siegle E.Reef islands on Rocas Atoll, the only atoll in the South Atlantic Ocean, are located at its leeward side, being protected from waves most part of the year but subjected to the impact of energetic swells from the north from November to February. With the aim of assessing the morphological evolution related to the incoming waves, in situ measurements were conducted in November 2012, covering a series of energetic wave conditions. Waves were measured by an ADCP (Nortek Aquadopp profiler) deployed at 1.2 km distance from the reef island and 0.9 km from the reef rim during 28 days. Simultaneously, the morphology of the entire reef island was surveyed with the use of a Differential Global Positioning System (DGPS). High energy waves with peak periods of about 13 s and significant wave heights of 2 m presented a weekly recurrence followed by a gradual decay. Morphological surveys show that the northwestern side of the island, which has been historically eroded, undergoes larger morphological changes. However, in contrast, there was an increase in volume on the beach island. The tridimensional terrain elevation models clearly show the removal of submerged banks dispersed on the reef rim and their deposition over the beach. This is thought to be due to the intense wave set-up generated by waves breaking on the leeward reef edge, moving the sediments in the opposite direction to that of the overall gravity-driven outflow. The results suggest that the sediment redistribution by seasonal northern swells contribute to sediment accretion on the reef island, thereby reducing the long-term erosion of this portion of the island.