GT 2.2 VARIABILIDADE ESPAÇO-TEMPORAL DA DIVERSIDADE E ESTRUTURA TRÓFICA DO AMBIENTE PELÁGICO NA PLATAFORMA CONTINENTAL.
Existe grande evidência que os impactos ecológicos das recentes mudanças climáticas e as respostas da flora e da fauna já alcançam uma variedade de ecossistemas e hierarquias organizacionais, desde espécies até os níveis de comunidades. É amplamente aceito, que o aquecimento global está ocorrendo, contudo seus efeitos sobre o mundo marinho pelágico são em grande parte desconhecidos. O ambiente pelágico é o maior do planeta, compreendendo a coluna d’água desde as regiões costeiras até o mar profundo. Apesar de se estar vivenciando uma etapa inicial das tendências projetadas do aquecimento global, respostas ecológicas às mudanças climáticas já são claramente visíveis para o ambiente marinho.
Richardson & Schoeman (2004) mostraram que o aquecimento superficial do mar no Atlântico Noroeste está sendo acompanhado, cada vez mais, por uma maior abundância de fitoplâncton nas regiões mais frias e diminuição deste em regiões mais quentes. Esse impacto se propaga pela teia alimentar (controle bottom-up) através de copépodos herbívoros a zooplanctônicos carnívoros devido a interação trófica. Portanto, é provável que aquecimentos futuros irão alterar a distribuição espacial da produção pelágica primária e secundária, afetando os serviços dos ecossistemas, além de acrescentar estresse adicional às populações já esgotadas.
O aumento na acidez dos oceanos previsto para o ano de 2100, situa-se fora da faixa de variabilidade natural experimentada pelos oceanos pelo menos nos últimos 650.000 anos (Dupont et al., 2008). Deve ser também considerado o papel importante que o plâncton terá em ditar o futuro ritmo das mudanças climáticas via mecanismos de feedback em resposta aos níveis atmosféricos elevados de CO2 . Essa rápida mudança deverá afetar o crescimento do plâncton com impacto significativo na sua distribuição, diversidade, abundância, e tamanho (Hays et al., 2005, Gorsky et al., 2010). Projetos de pesquisa contínuos sobre o plâncton atuarão como sentinelas para identificar mudanças atuais e futuras nos ecossistemas marinhos. Séries temporais de longo prazo de zooplâncton tem se mostrado fundamentais para a detecção e compreensão das mudanças ecossistêmicas (regime shift) em várias regiões do mundo. Não existe, no momento, nenhuma série temporal de coletas regulares de plâncton marinho no Norte e Nordeste do Brasil.
Objetivo Principal: avaliar os efeitos da variabilidade climática (sazonal e interanual) sobre os espectros de tamanho, diversidade e estrutura trófica do ambiente pelágico na plataforma continental ao largo do Norte e Nordeste do Brasil.
Coordenadores: Ralf Schwamborn (UFPE)
Abordagem Metodológica: cruzeiros para a realização de transectos, amostragem do plâncton, analises estatísticas, modelagem trófica.
Coordenador.
Ralf Schwamborn
Atualmente é Professor Associado III no Depto. de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Possui "Vordiplom" em Biologia (Johann-Wolfgang-Goethe-Universität Frankfurt am Main, 1989), "Diplom" em Biologia Marinha (Christian-Albrechts Universität zu Kiel, Institut für Meereskunde, 1993) e é Doutor em Ciências Naturais ("Dr. rer. nat.") pela Universität Bremen (Center for Tropical Marine Ecology - ZMT, 1997). Foi pesquisador visitante no lab. de zooplâncton do Depto. de Zoologia da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ), pesquisador pós-doc na University of Miami (RSMAS) e pesquisador pós-doc no Alfred Wegener Institute for Polar and Marine Research (AWI). Tem experiência na gestão e coordenação de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e na caracterização e monitoramento de ecossistemas marinhos e estuarinos tropicais. Coordena um Grupo de Trabalho no INCT Ambientes Marinhos Tropicais que analisa o efeito das mudanças globais sobre estes ambientes. Tem experiência na área de Oceanografia Biológica e Biologia Marinha, com ênfase em Ecologia das Larvas e Juvenis de Crustáceos Decápodos, atuando principalmente nos seguintes temas: Zooplâncton Marinho, Estuários, Prados de Capim Marinho, Ambientes Recifais, Manguezais, Isótopos Estáveis, Dinâmica de Ecossistemas e Teias Tróficas.
e-mail: rs@ufpe.br